O que é e para que serve a Religião?
O conceito e a finalidade da religião tem sido motivo de amplo
debate acadêmico e teológico. Fatos históricos e relevantes
intensificaram as discussões e levantaram questionamentos diversos.
Dentre eles destacamos, no campo social, a Revolução Industrial
(Inglaterra), na cultura o Iluminismo (Alemanha e França), na política a
Revolução Francesa (França).
Como resultado destes movimentos surge à necessidade de
investigação e pesquisa. Os pensadores e estudiosos se revezam em
formular teorias e encontrar respostas. Para Kant a religião é uma
relação entre Deus e a moral do homem. Deste modo Deus é o arquétipo da
moral. Ludwig considera a religião como criação humana no estilo de
projeção. O homem projeta na religião a segurança futura e o sentido
presente e real para a existência humana. Para Karl Max a religião é
elemento secundário, sintoma de uma sociedade enferma. Cria e mantém as
pessoas em alienação constante. Para Nietzehe a religião, entre outros
males, gera submissão. Já para Shmith a religião e seus ritos, como o
ritual do sacrifício, agregam as pessoas e formam as sociedades.
Seguindo esta linha, Durkheim enfatiza os “fatos sociais” – a religião
com suas crenças, ritos e símbolos unem e estabelecem uma comunidade.
Para estes últimos a religião é importante e tem função sociológica.
Já em anos recentes o filósofo e sociólogo alemão Habermas
considera relevante e reconhece na religião as raízes da ética. A
obrigação moral sintetiza Habermas, deriva do sagrado que é capaz de
manter a sociedade unida por meio de um consenso generalizado. Assim,
segundo Habermas, é a religião que imprime a orientação ética para a
práxis diária do cidadão.
Diante deste contexto temos basicamente duas classes de
pensadores que são excludentes entre si. De um lado temos aqueles que
reduzem e desprezam a religião e a consideram como um obstáculo para o
progresso. Do outro lado os que enfatizam ser a religião um elemento
necessário para evitar o caos social e moral da humanidade. Deste modo,
enquanto que para o Iluminismo a religião é um erro de percurso, para a
sociologia a religião é imprescindível e contribui no aspecto
sociológico.
Sob
esta temática, concordando com Habermas, a religião constitui desafio
cognitivo e estabelece as normas sociais e não o contrário. Assim a
religião está presente na esfera pública por meio das ações de seus
cidadãos e não pode ser banida. Seus valores mantêm a base da ordem
pública por meio de regras e procedimentos. Em conseqüência os valores
religiosos são o fundamento da democracia tão cara ao cidadão livre.
Muitos dos conceitos cristãos, por exemplo, foram transformados em
razões laicas. Nosso código penal está permeado de valores religiosos.
No
entanto, no Brasil, uma crescente tensão entre estado e religião tem
alcançado debates acalorados. É necessário dar uma maior atenção a estas
questões e não ignorá-las. Assuntos como “relações homoafetivas” e
“aborto” que são temas éticos da Religião são objetos de votação no
Congresso Nacional e Superior Tribunal Federal. As decisões influenciam
a vida das pessoas e sua religiosidade. O estado laico não pode impor
sua linguagem e nem impedir a prática dos valores do cidadão religioso.
Considerando a religião no aspecto sociológico como raízes da ética, a
laicidade deve ser assumida como valor a ser discutido de acordo com o
interesse público e a religiosidade do cidadão. Creio que no debate
atual, é fundamental o equilíbrio e a mediação entre a religião e as
questões laicas.
Fonte: www.cpadnews.com.br
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