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Pré-Cruz
ou Pós-Cruz? |
Mas
- vem a objeção - Paulo não disse claramente aos
romanos,
que não estavam mais "debaixo da lei" mas "debaixo da
graça?" Sim, disse. Mas com tais expressões queria ele
acaso dizer que não necessitamos guardar os
mandamentos
contra o adultério, a idolatria, o homicídio, o roubo,
a mentira, etc., enfim o conteúdo do Decálogo?
De
modo nenhum, pois os argumentos narrados na mesma
epístola
são contrários a essa desastrosa conclusão.
Leia por exemplo os capítulos de Romanos 3:31;
7:12
e 14; 7:22 e outras passagens. Analisaremos, com
muita
atenção, o verdadeiro sentido da expressão de
Paulo.
Qual o assunto que Paulo tinha em mente ao
escrever
aos crentes de Roma? |
- Estaria
ele querendo diferenciar a lei do Velho Testamento e a lei do
Novo Testamento? Não!
- Queria
ele estabelecer conflito ou
contradição
entre a lei e graça? Também não!
- Estaria
indicando várias maneiras de salvação? Não!! Romanos 3:31.
Então a que se referia o apóstolo,
ao dizer "debaixo da lei" e "debaixo da graça"?
- Referia-se
à mudança do que ocorre no indivíduo por ocasião de sua
conversão,
mudança do "velho homem" para o "novo homem", do
pecado para a santidade, da condenação fatal para a graça
livradora.
Paulo
está se dirigindo a homens crentes, a cristãos
batizados, a homens convertidos. Não a ímpios,
pagãos ou a transgressores da lei divina. Leia Romanos 6:1 a 5.
E prossegue o verso 6: "sabendo isto que o nosso homem velho foi
com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito,
para
que não mais sirvamos o pecado". Claro como a
luz
que o capítulo se refere à conversão e
não
à mudança de dispensações. Notemos cuidadosamente o que ele diz:
"assim também considerai-vos como mortos para o pecado,
mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor." (Romanos
6:11).
A respeito de quem
se afirma isso? Somente a respeito do homem
convertido - membros da igreja de Roma, que não mais
transgrediam
a Lei, pois viviam em harmonia com ela. Paulo os exorta a não
mais
volverem ao pecado. "Não reine, portanto o pecado, em vosso
corpo
mortal..." (v. 12). Pecado - como define a Palavra de Deus - é
transgressão
da Lei [Dez Mandamentos] (I João 3:4). Paulo
está
exortando os romanos a não se deixarem arrastar pelas paixões
carnais,
voltando assim a transgredir a Lei de Deus. E no (v. 14):
"Porque
o pecado não terá domínio sobre vós... Por quê? Por que a lei
foi
abolida? Não. Mas porque já tinham abandonado o
pecado, cessaram de transgredir a Lei.
O
próprio
argumento de Paulo mostra, de modo inequívoco, que era
precisamente
isto que ele queria dizer. "...o pecado não terá domínio sobre
vós,
porque não estais debaixo da lei (não mais a transgredis, não
estais
mais sujeitos à sua condenação, não colocais debaixo dela como
antes)
mas debaixo da graça (do favor imerecido que Deus vos concedeu
de
serdes redimidos por Cristo)."
O sentido exato e completo do v.14 é este: "tendo abandonado os vossos
pecado, tendo cessado de quebrar a Lei, tendo crido em Cristo e
sendo batizados, vós agora não sois mais governados pelos pelo
pecado
ou pelas paixões, nem sois condenados pela Lei, porque achastes
graça à vista de Deus, que vos concedeu este favor imerecido, e
os vossos pecados foram apagados."
Claríssimo!
Portanto, não estar debaixo da lei, é não está
sobre a sua condenação. Não há conflito entre Lei e Graça. "Por
quê? Pecaremos (isto é transgrediremos a lei) porque não estamos
debaixo da lei (da sua condenação) mas debaixo da graça (do
favor
divino)? De modo nenhum." Portanto, a própria conclusão do
apóstolo
Paulo destrói inteiramente a tese de um suposto conflito entre
Lei
e Graça. Mesmo porque se "não estar debaixo da lei" significa
que
não devemos obedecer-Lhe, segue-se portanto que podemos
transgredir-la
à vontade. Porém Paulo destrói imediatamente esta idéia blasfema
com um categórico "De modo nenhum!".
Credenciada autoridade evangélica sentenciou, com relação a Romanos
6:14: "A graça não importa em liberdade para pecar, mas numa
mudança
de senhores, e numa nova obediência e serviço. A graça não anula
a santa Lei de Deus, mas unicamente a falsa relação do homem
para
com ela." 1
Outra
passagem - muito ao gosto dos negadores da lei - é Gálatas 5:18:
"... se sois guiados pelo Espírito não estais debaixo da lei."
Também
neste caso, quais os que não estão debaixo da
lei?
Somente os que são guiados pelo Espírito, ou seja convertidos,
os
fiéis, os crentes, os que não seguem as concupiscências, os que
não transgridem a Lei de Deus - em suma os que não cometem
pecado.
Os ímpios os pecadores não são guiados pelo Espírito, por isso
eles
estão debaixo da lei, da sua condenação, porque as transgridem.
Não há aí a mais leve alusão de abolição da Lei de Deus. Só uma
interpretação obtusa conduziria a tal conclusão.
Consideremos
agora a absurda interpretação de alguns. Dizem que pela
expressão
"não estamos debaixo da lei" Paulo quis dizer que a lei foi
abolida
e, portanto, não precisamos mais cumprir os seus preceitos.
Passou
a lei, sua época e sua função - segundo dizem. Ora, se isto é
verdade, então ninguém está debaixo da lei, quer seja ou não
guiado
pelo Espírito. Daqui não há como fugir. Mas Paulo combate
este
erro, declarando explicitamente que a fim de não estarmos
debaixo
da lei, temos que ser guiados pelo Espírito.
A
idéia de se estar "livre da lei" e de sua obediência
não
é nova. Ela surgiu, pela primeira vez, em 608 A.C.,
aproximadamente,
nos tempos do profeta Jeremias. Naquele tempo, este
argumento
indigno foi empregado pelo rebelde povo de Judá a fim
de justificar a sua transgressão da lei de Deus.
Consulte-se,
de preferência nas versões Brasileiras ou Trinitária,
a repreensão de Deus ao Seu povo, em Jeremias 7: 8 a
10:
"Eis que vos confiais... furtareis, matareis,
adulterareis...
e direis: fomos livrados a fim de fazer todas estas coisas." |
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Um fato inegável:
os cristãos de qualquer denominação
crêem que eles não devem jurar, matar, furtar, mentir,
cobiçar, etc. Em outras palavras, crêem que devem
guardar
os mandamentos. Os adventistas crêem o mesmo, com a
diferença
que o fazem em relação a todo o Decálogo, incluindo necessariamente o quarto mandamento. |
Ora,
se nós, os Adventistas do Sétimo Dia, estamos "debaixo
da lei" porque cremos na guarda dos Dez Mandamentos,
então
os demais cristãos estão nove décimos (ou noventa por
cento) debaixo da lei, pelo fato de guardarem nove
preceitos
do Decálogo. "Coerência, és uma jóia." |
Outro
fato de suma gravidade: costuma-se usar a expressão "não estar
debaixo
da lei" mas "debaixo da graça" unicamente para se "justificar" a
desobediência ao quarto mandamento. Ninguém a emprega para
justificar
a quebra de outros mandamentos do Decálogo. Cremos honestamente
que aqueles que a usam para fugir a guarda do sábado, não sentem
nenhum desejo de roubar, matar ou adulterar. Certamente que
essas
coisas lhes causam horror. Mas, com tal atitude, apenas provam
que não é o mandamento de Deus que os inibe de fazer
de adulterar, matar, cobiçar, etc., mas sim a educação que
receberam,
a vigilância social e a opinião pública. Se a prática desses
horríveis
pecados fosse coisa aceita (como o eram em alguns ritos
bárbaros),
então não hesitariam em dizer que praticariam tais coisas porque
"não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça".
A tal extremo conduz o anominianismo, servindo-se de suas bases
capciosas
de argumentação. Note-se que há índios e nativos canibais que
matam
impiedosamente e a sua consciência não os acusa. Erro grosseiro
é supor que a guarda dos mandamentos é questão de consciência. A
religião cristã não se baseia na consciência, mas é uma religião
revelada. Está escrito o que devemos
fazer, e o que devemos evitar de fazer e isto é cumprido quando
o Espírito nos toca o coração. A consciência, muita vezes, mesmo
crendo estar sendo dirigida por Deus, acomoda-se. A consciência não é um guia seguro. O seguro está na revelação. Vamos
cumpri-la. A Escritura tem muito a dizer sobre a
consciência, como base precária e enganosa. A Bíblia fala de
"consciência
cauterizada" (I Timóteo 4:2), consciência
"fraca"
(I Coríntios 8:7). Somente a revelação divina não se cauteriza nem se enfraquece. É inalterável porque o seu elemento é só divino.
A.
B. Christianini, Subtilezas do Erro, 2.ª ed.,
1981,
pág. 96.
1.
Vincent, Word Studies, vol. 3, pág. 11.
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